Olá!
Agora é moda comemorar o Halloween dia 31/10. Resumindo, é uma tradição anglo saxônica , onde as crianças saem fantasiadas e ganham doces.
Há alguns anos só nas aulas de inglês falávamos sobre halloween e comemorávamos na escola. Mas isso foi crescendo e com toda a globalização, adotamos muitos costumes lá de fora.
Mas aqui no Brasil também há uma data onde crianças ganhavam doces, mas nada tem a ver com fantasias e filmes de terror.
27 de setembro, dia de São Cosme e Damião, era uma data muito aguardada, onde as crianças ganhavam doces.
Para falar mais sobre como era ganhar esses docinhos, convidei a Beta do Literatura de Mulherzinha que nos contará um pouco de como era esse dia para ela.
Sinto falta dessa tradição
bj
Rosana
Cosme e Damião
O meu favorito sempre foi o doce de amendoim. Aquele que vinha em barrinha ou em quadradinho. Ganhava até da paçoca. Era por ele que eu procurava sempre que abria o saquinho de doces no dia de Cosme e Damião.
A maior parte das crianças de hoje talvez não saiba como a gente – crianças há um tempinho atrás – foi feliz sem precisar se fantasiar e sair por aí pedindo “gostosuras” ameaçando com “travessuras”. Todo 27 de setembro era a mesma coisa: ir para a escola pensando na corrida de Cosme e Damião logo após a aula, se fosse turno da manhã. Quem estudava à tarde, ficava atento pela manhã ao sinal que era conhecido pelas crianças do bairro:
– ALI, TÁ DANDO!
“Ali” local determinado pelo apontar de um dedo e por gritos e correrias das crianças. Aparecia alguém, saquinhos brancos, verdes, brancos e verdes, às vezes, amarelados, com as imagens dos santos gêmeos que protegem as crianças, os farmacêuticos e as faculdades de Medicinas.
Aí, no final da maratona de subidas e descidas (era um dos momentos do ano de pessoas perguntando “por que tanto morro, meu Deus?”), saquinhos colocados em casa, no quarto e a divisão dos doces entre os que eu gostava e o intercâmbio com a irmã e com a mãe, que sempre herdava todos os saquinhos cor de rosa de pipoca doce. Não me lembro de quem ficava com a Maria-mole. Tem coco? Tira! Tira! Tira! É de vocês! As balas permaneciam mais tempo porque os pirulitos, os bombons, aquele tubinho com bolinhas de açúcar, as jujubas e, claro, o doce de amendoim que era a minha perdição, tinham prioridade.
Depois que cresci, nunca mais corri atrás de Cosme e Damião. De vez em quando, alguém pagando promessa me oferece e a criança que existe em mim aceita sem pestanejar. Também descobri que, para os católicos, os santos gêmeos são celebrados no dia 26. A festa do dia 27 é do Candomblé e da Umbanda. Para piorar, o mundo deixou de permitir essas corridas ruas acima e abaixo. Muito carro, muita gente querendo prioridade. E ainda tem a violência. Nada de ficar zanzando na rua, menino, vem pra casa. Quer bala, eu compro para você. Nem vou dizer o risco que pessoas más usem desse estratagema para se aproximar das crianças. Exatamente. O mundo piorou, perdeu a inocência e a felicidade de correr pelo bairro e bater nas casas de vizinhos, alguns que você nem conhecia e rezando para não ter cachorro bravo, atrás de confeitos de açúcar.
Em alguns momentos, crescer é muito chato. Ainda bem que, de vez em quando, Cosme e Damião, para me lembrar de manter a fé que eu tinha quando era criança, me mandam o doce de amendoim.
Bacci
Beta
PS.: A Beta pediu para incluir um outro doce, que ela esqueceu, o suspiro!!!
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